* Lado B

Por Lucieni Queiróz Rego


Vendas na Solidão
“A solidão é fera, a solidão devora, é amiga das horas, prima-irmã do tempo, que faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração” (Alceu Valença)

Tempos de internet, relacionamentos virtuais, redes sociais. Esses são remédios para a solidão? Ou apenas paliativos?

Atendemos, por algumas vezes, clientes que vêm em busca de “alguma coisa”, mas não sabem dizer o quê. No desenrolar do atendimento, mostramos a moda atual e indicamos os momentos ideais para vesti-la, mas vamos entrando num campo íntimo dele, que vai se soltando, falando mais à vontade e deixando transparecer uma solidão digna de pena.

São pessoas que têm casamentos de muitos anos, mas vivem sozinhas. Ou são aquelas que nunca casaram e moram na casa dos pais. Ou, ainda, aquelas que se separaram e os filhos já saíram de casa. Há ainda as que terminaram o namoro recentemente ou perderam alguém. Não importa. A solidão chega e você sai de casa para não ser engolida por ela. E vai passear, ver as vitrines, a tendência da moda e, procurar alguém para conversar.

Um “sozinho” precisa levantar sua auto-estima e nada melhor que um banho de loja para isso. Obviamente que a sua loja não é consultório de psicólogo ou analista, mas que mal há em dedicar o seu tempo a um potencial cliente, que não tem ali como objetivo final a compra, mas a companhia? A dedicação e o carinho a essa pessoa podem salvar o seu dia. Não apenas como venda, mas, principalmente, como ser humano.

Nem sempre a venda é concretizada na demonstração do produto. Mas, posteriormente, é grande a chance de sê-lo, na volta do cliente, sentindo-se melhor, e não somente querendo retribuir a sua atenção, mas seguindo suas orientações em ter uma aparência boa.
O lado B da questão é que você se sente bem em estar fazendo o papel de companhia e ainda pode ter o cliente conquistado, nos dois sentidos: voltando a loja para comprar e querendo o seu atendimento cordial.
O que fazemos de coração, compaixão, valorizando o ser humano em primeiro lugar, priorizando o “ser” e não o “ter’, volta para nós em muitas formas boas: a venda é, sim, uma delas. Mas as formas impagáveis mesmo, são indescritíveis!

Excelentes vendas!
Lucieni Queiróz